Sunday, January 7, 2007

MOMENTOS...


O que sentimos e não dizemos...
O que dizemos de maneira diferente do que sentimos...
O que nos vai na alma e no espirito...
Até mesmo na realidade que sentimos...


Aqui podemos escrever tudo o que sentimos sobre tudo o que queremos.

8 comments:

Dinis said...

Não sou um apaixonado. Sou um coleccionador. De sonhos, desejos, realidades. De algo que me move. Que me deixa sem respiração. Com a vista turva, com a mente toldada.
Um coleccionador de incertezas, de coisa nenhuma, de algo que não tenho. Sou o que procura e não encontra a não ser pelo facto de que o que procuro esta noutro lugar. Noutra parte deste mundo tão pequeno e tão vasto onde nada encontro e tudo perco. A minha vontade é de não mover uma palha e esperar que tudo me venha parar á mão. Mas não pode ser!!! Não há razão para acreditar e ter como certo o destino! Esse sim não é de confiar...
Tanto que eu queria não estar preso a algo que não posso controlar... Preferia poder ter controlo sobre as minhas amarras. Poder soltar-me, prender-me quando me apetecesse. Ou quando assim me conviesse!!! Sim! Porque o convir também é uma carta no meu baralho! E quem diga que não a tem como trunfo está a mentir!!! Não que a possamos jogar sempre que assim nos é pedido. Mas sim quando menos esperam! Esse sim é o trunfo da incertesa. Do não saber o que está por detrás do pano. Da máscara. Da vida de cada um de nós.
Já tentei deixar a mascara sobre a mesa de cabeceira, mas não pude respirar sem ela. Olhar para o espelho logo de manhã e ver o que sou. Sem poder olhar para outro lado a não ser para aquela imagem diante de mim. Um ser único, um ser tão meu conhecido mas tão distante. Não era eu que estava do outro lado. Era alguém. Um alguém que me era familiar. Os mesmos olhos, a mesma boca, os mesmos traços do rosto. Mas tão desconhecido... Era eu porque sabia que era eu. Mas não me reconhecia. Não sabia quem me olhava. Medo e espanto. Sim, mais medo do que espanto. O medo de estar assim. De ser aquela pessoa desconhecida e tão conhecida ao mesmo tempo. Sem um pano a tapar-me o rosto, sem nada em que me podesse esconder... Lá me reconheci e apaguei a luz...
Sair assim? Não, não e não!!! Não podia! Faltava-me o ar. Faltava-me a vontade de dar o próximo passo. De seguir o meu caminho. Sentia-me preso. Sem controlo sobre mim. Era aquele ser tão próximo e tão desconhecido que estava a olhar para mim do outro lado do espelho. Que me controlava. Num repente, e sem pensar mais, lá voltei para a mesa de cabeceira... Coloquei a mascara... Agora sim! Agora era eu de novo!!! Podia enfrentar tudo e todos! Estava de novo pronto para mais uma batalha diária!
A batalha era apenas uma de tantas outras. Nesta vida que é uma guerra diária. Temos que lutar por tudo e por nada. Porque chegamos ao fim do dia e a única coisa que trazemos é a vontade de esquecer.
Lutamos por um lugar para deixar o nosso carro. Um lugar no autocarro, no comboio, no elevador. Coteveladas de um lado, apertões do outro. Um olhar acusador de mais um estranho que encontramos.
Mas a vida não é só o que se nos depara. É também tudo o que não vemos mas que sentimos. Sentimos na pele e na alma. No ponto em que não podemos voltar. O que sentimos e nos deixa a delirar. Sem sabermos se temos medo ou se damos o passo em frente. Em que incerteza se sobrepõe à certeza e assim por diante.
Não somos mais que um simples modelo daquilo que esperam de nós. Daquilo que nos é dito para fazermos. Da máquina que somos e que seremos até ao dia em que somos apagados da lembrança de alguém. Somos o que os outros querem que sejamos. O que nos é dado a saber é o que os outros querem que saibamos. Não somos um grupo de ovelhas no verdadeiro sentido da palavra, mas somos um óptimo rebanho. Vamos e estamos onde nos é dito estar. Onde nos podemos perder e sabemos que seremos encontrados. Não será bem um perder, pois se sabem onde estamos como nos podemos perder?!
Porem, podemos estar perdidos. Sem rumo. Sem uma luz que nos guia. Essa luz pode ser o farol das nossas vidas. Do sentir mais forte que se agrupa em nós e que nos permite ser o que temos de mais intimo. O farol das pessoas que nos rodeiam. No mar em que tudo se perde, tudo se deixa perder. Em que o momento do toque do céu com o mar não se realiza. Em que deixamos as dúvidas, as causas e os efeitos à deriva. Assim como nós andamos. Sem rumo, numa maré calma... Num turbilhão de sentidos e sabores... Numa vida de chocolate ou de manga... De um sabor requintado e de um selvagem acontecimento...
Não podemos dizer que estamos certos do que temos. Nada é nosso. Apenas nos é emprestado durante um certo tempo em que nada somos e quem podemos ser mais um pouco. Cultivar mais uns grãos de algo. Muitas vezes de nada...

Dinis said...

Não me preocupa a indiferença. Mas sim o ser indiferente.
O momento em que passamos ao lado como se nada fosse. Como se não estivressemos ali.
O ser humano tem uma vivência facil. Sabe o que deve evitar, omitir e eliminar. Mas, às vezes somos produto e alvo dessa mesma escala. Somos omitidos e omitimos. Quando o segundo acontece não nos preocupamos. Apenas deixamos passar o tempo... Mas se o primeiro se nos depara, aí deixamos de ser quem somos. Deixamos que a indiferença seja esquecida e sentimo-nos indiferenciados, esquecidos, desprezados... Esse sentimento não nos agrada. Não nos deixa respirar. Não sabemos quando isso pode acontecer. Então a arma que temos é a indiferença a todo o custo. Passarmos sem notarmos que outros estão presentes. Sem sentir os cheiros e sabores que nos rodeiam. Sem que os outros se façam notar.
Mas se o contrario acontecer? Se não formos notados? Se não existirmos aos olhos dos que nos rodeiam?
Esse é o enigma. A grande questão!!!
Sabemos ser indiferentes, mas sentirmo-nos indiferenciados será uma grande “pedra no nosso sapato”. Esquecemos que para um ser indiferente, outro está a ser indiferenciado. Despercebido, ignorado... O reverso de uma só moeda. De uma só face. Que gira e nunca sabemos qual fica para cima. Qual será a que nos deixa mais susceptiveis de sermos atingidos...
A indiferença manifesta-se todos os dias. É algo que podemos chamar de inato. Não no verdadeiro sentido da palavra mas por uma distorção que a favorece. Somos mesquinhos, camaleões desse sentimento. Somos alegres fingidos, tristes sinicos. Somos grandes pequenos seres que usam os sentimentos no sentido contrario. Usamo-los para agredir e não para sentir. Para distânciar e não aproximar. Para fazer doer em vez de curar.
Quando amamos não nos sacrificamos. Sacrificamos, antes, a vida de quem gostamos. Somos reis de coisa nenhuma. Donos de nada. Mas vivemos na ignorância. Na indiferneça do que o outro sente. Mas temos consciência disso. Temos consciência de que podemos magoar. De que sabemos como magoar. Vamos até ao mais infimo gesto para termos a certeza de que a pessoa está no fundo do poço.
Somos mesmo assim... E seremos sempre. Não há uma consciência colectiva que nos leve a ser de outra forma. Apenas podemos continuar a ser o que sempre fomos.
No momento do reverso da moeda é que não estamos bem. Não nos sentimos de bem com a vida... Nunca nos lembramos do que já fizemos, do que o outro sentiu. Do que o outro sofreu, chorou...
Somos ainda mais egoistas. Somos ainda mais mesquinhos, cada vez mais indiferentes. Nunca temos a culpa por companhia. Fazemos inverter as situaçãoes. Somos a vitima daquilo que criamos. Da indiferença que tivemos. Do ferir que executamos.
Somo um choro de riso que um dia fizemos. Somos uma noite escura num dia de sol que tapamos com as cortinas da nossa indiferença. Com as portas do nosso egocentrismo. Do momento que só pensamos que estamos em cima do pedestal. O pior é a queda...
O pior é o indiferença que sentimos e com que vivemos...

Dinis said...

“A solidão não acaba com a chegada de alguém, mas sim com a partinha de intimidades...”
Eu gosto de estar sozinho. Mas nunca de me sentir só. Não gosto de “ajuntamentos”, mas a solidão assusta-me ainda mais.
A solidão assunsta-me mais quando estou no meio de muita gente. De muitos conhecidos e me sinto abandonado. Como se não pertencesse áquele local, áquela gente...
A solidão não é um mal que se pega, que se leva para casa. É um bem necessário para que nos possamos encontrar com o nosso “eu”. Com aquilo que somos. Mas não podemos é viver nesse “eu” e no que somos. Assim perdemo-nos no labirinto dos conhecimentos e nas relações com os outros.
Não podemos deixar que a solidão tome conta do nosso caminho. Que nos leve à loucura e ao desespero. Hoje, e cada vez mais, somos seres únicos. E únicos não em todos os sentidos, mas sim no que respeita ao estarmos sós. Ao não acreditarmos nos outros. Em não confiar, em não dar, em não deixar receber. Somos só nós e cada vez mais o vamos sendo. Não há lugar ao outro nas nossas mentes, nas nossas vidas, no nosso futuro. Todos queremos “não estar sós”. Mas acabamos escondidos num canto de uma sala a tentar fazer algo que ninguem veja e que não será visto por mais ninguém do que nós mesmos. Algo que será só nosso. Que não vai ser dado a mais ninguém. É o medo de partilhar.
Tornamo-nos tão egoistas que passamos a preferir, inconscientemente, estar sozinhos do que partilhar o que quer que seja com outro. As nossas tristezas, alegrias, angustias. Tudo fica ali, num poço sem fundo. Vão acomulando e quando já não leva mais transborda e leva-nos à loucura.
Ser louco até é ser feliz. Sem noção da realidade, do que nos está próximo. Sem saber o que nos envolve. Vivendo num mundo fechado. Um mundo em que tudo é nosso. Em que todos nos falam, em que todos nos desejam tudo de bom. Num mundo de “faz se conta”. Ou melhor ainda, numa utupia...
Mas continuamos a estar sós...
Continuamos a ser nós e a contar só connosco: “primeiro eu, depois eu e sempre eu...”

Dinis said...

Esta é para aquela pessoa que faz o meu mundo girar ;-)


Quero-te...

Quero-te não por quem és, mas por quem sou quando estou contigo...
Quero-te pelo que sei que sou quando estamos juntos...
Quero-te pelo que poderemos ser junto...
Quero-te pela magia que existe entre nós...
Quero-te simplesmente por existires...
Quero-te porque sem ti não posso ser quem sou...
Quero-te porque não posso respirar sem o ar que me dás...
Quero-te pela luz que emanas...
Quero-te pelo sentido de orientação que há em ti...
Quero-te porque estás aí...
Quero-te porque um dia nos olhamos e jámais desviamos o olhar...
Quero-te todos os dias...
Quero-te todas as noites...
Quero-te quando estou sozinho...
Quero-te quando estamos juntos...
Quero-te quando permaneces em silêncio...
Quero-te sempre que me sussurras...
Quero-te sempre que respiro...
Quero-te enquando viver...
Quero-te pela eternidade...
Quero-te porque o que sinto não me deixa viver sem ti...
Quero-te porque quando estou contigo me sinto vivo...
Quero-te porque te amo...

Quero-te...

Quero-te mesmo sem tu me quereres...
Quero-te mesmo sem tu estares presente...
Quero-te mesmo sem saber onde andas...
Quero-te mesmo sem saberes que existo...
Quero-te mesmo nas noites de solidão...
Quero-te mesmo quando não estás só...
Quero-te mesmo quando me despresas...
Quero-te mesmo quando me faz doer pensar em ti...
Quero-te mesmo não sendo eu a quem amas...
Quewro-te mesmo sem sentires o meu respirar...
Quero-te mesmo sem saberes que estou vivo em ti...
Quero-te mesmo sem te poder querer...

Quero-te.

Dinis said...

Saudade


Cada minuto, um momento infinito,
a ânsia de te ver...necessidade sem fim;
de sentir em ti esse amor que é bonito,
e a saudade de te escutar dentro de mim.

Sentir no corpo tuas mãos que a me tocar,
distante enfim, o calor do teu carinho;
as vontades que gritam a me sufocar...
digam o que digam, tu és o meu caminho.

E para o mundo essa saudade eu vou gritar,
que te desejo e quanta falta que eu sinto;
que não te esqueço e te sigo a amar,
nestes caminhos de um imenso labirinto.

Se deste mundo, ao real possa eu passar,
que sem tua pele, mesmo assim possa eu sentir
a dor do peito, que a saudade faz sangrar,
um dia, hei-de esse amor ainda parir.

Meu amor não mede o tempo, nem a noção,
que tudo isso que eu sinto é a saudade;
que incansável, ela segue uma só direção,
de seguir tão só esta cruel realidade.

Não quero esperar que esta dor venha invadir,
ainda mais o peito que tanto está a chorar;
acabar de vez com o que está a me consumir,
essa saudade de ti, preciso exterminar.

PORTUGAL said...

...........

Dinis said...

Ninguém merece as tuas lágrimas, e quem as merece não te fará chorar...
Quando sentimos choramos. Choramos sem derramar uma lágrima porque parecemos fortes. Derramamos porque não a conseguimos conter... Seja uma ou outra, não quer dizer que sentimos mais ou menos. Que estamos mais ou menos desprotegidos.
Ontem fiquei com os olhos turvos. Algo de tão simples como uma mensagem recebida. Uma mensagem que de tão simples, tanto significado teve para mim. Uma simples palavra algumas vezes repetida. Uma palavra que me fez sentir vivo, que me fez sentir amado, protegido. Uma palavra que me tocou bem no coração. Uma palavra que me fez sentir vontade de chorar por estar feliz. Que me deu vontade de ir a correr ter com quem a escreveu. De ficar abraçado a quem a enviou. De beijar os lábios de quem me a dedicou...
Ás vezes passamos horas num diálogo sem sentido e depois basta uma palavra, seja verbal ou oral, e tudo tem significado. Tudo de agrupa na nossa mente, no nosso coração, na nossa vida. Uma palavra apenas. Uma simples junção de letras e tudo fica diferente! O sorriso aparece, a vontade de dizer a alguém o quanto feliz se está, a vontade de correr e ir ter com quem amamos. A vontade de transformar as coisas más em coisas sempre boas. A vontade de que somos as pessoas mais felizes do mundo.
Tudo o que sentimos é felicidade. Uma imensa felicidade. Algo que não conseguimos dizer, que às vezes não conseguimos demonstrar. Mas que nos corre nas veias, nos tendões, no corpo. Algo que de tão forte nos torna sonhadores. Ausentes da realidade. E que bem que isso sabe...

Dinis said...

“… às vezes é no meio do silêncio que descubro quem eu sou…”

A vida não nos deixa tempo para ver se estamos a agir bem ou mal. A necessidade que nos é imposta para que realizemos as nossas tarefas é súbita. Não há lugar a pensar mas sim agir, agir e agir.
Não há tempo para olhar as pessoas em volta, os edifícios em redor, o céu, o ar… Não há tempo para nada disso. Mas o chão sim! Esse é um sem parar que se olha. “Olhos postos no chão”… Olhos postos em coisa nenhuma… Em algo que não nos é tangível. Que nos faz sonhar. Acordados mas a sonhar. Com um pensamento constante de “estava tão bem noutro lugar…”
Quando não se vem pelas ruas de carro podem encontrar-se coisas mesmo interessantes. E não falo dos edifícios ou dos jardins. Mas sim das pessoas por quem passamos e que por nós passam. Sai-se para a rua e vê-se um número infindável de pessoas a dirigirem-se para o mesmo local. Parecem formigas… Pelo menos no instinto… Apanha-se o transporte e vê-se melhor os rostos daquelas pessoas. Ausentes, disformes, sem expressão. Umas com “má cara”. Com “cara de ontem”. Fechadas dentro de um autocarro e ainda mais fechadas em si mesmas. Desejosas de já ser hora de fazer o percurso inverso.
Não há um sorriso, um gesto de alegria… Nada. Respiram porque é inato a cada um. Porque se assim não fosse, quando chegasse ao seu destino, o autocarro levaria apenas cadáveres… Ou melhor! Já leva, mas que respiram e tem ritmo cardíaco.
Com essas pessoas em redor há tempo para vermos o que estamos ali a fazer. De chagarmos à conclusão de que somos exactamente iguais a tantas outras. Que, embora tenhamos consciência de estarmos todos apáticos, ainda há uma esperança de fazer um esforço e sorrir. Deixar exaltar o que de melhor há em nós! O sorrir para os desconhecidos. Se recear um olhar inquisidor, um comentário menos construtivo. Poderemos transparecer num olhar que estamos vivos! E que iniciamos mais um dia de dádiva e de vivência colectiva. Que não estamos sozinhos, mas sim num grupo. Que podemos dançar de alegria por estarmos vivos. Por termos chegado a mais um dia. De podermos… Mas logo caímos na realidade… Ninguém sorri, ninguém dança, ninguém está verdadeiramente vivo…
Estamos ainda mais sozinhos do que antes. Agora temos a certeza de que ninguém está “vivo”. Que estamos num autocarro sem almas…